Fada da Janela.

Ela tem sentidos de fada, no fundo gostaria de ser uma. Cansada de não poder mudar o mundo, encostou a testa no vidro da janela e olhou para o além rua abaixo. Passava um pobre homem numa carroça puxada por algo parecido com um cavalo, mas era mais magro, talvez fosse devido à pobreza, ou talvez fosse apenas um pobre burro.

O homem tinha a raiva e a conformidade no rosto, tinha uma face velha em um corpo jovem. Havia algo de errado com a carroça, então ele desceu e começou a fazer movimentos, estava tentando amarrar ou consertar algo.

A fada, ou melhor, a garota olhando pelo vidro, já havia esquecido do mundo ao seu redor enquanto assistia à performance do nobre carroceiro. Tentou olhar para os olhos dele, e embora estivesse distante, sentiu a tristeza que ele sentia. Talvez ele não soubesse que era triste, talvez nunca tenha conhecido outra vida. Mas lá estava ela, a tristeza, na expressão de tal homem.

A garota com sentido de fada, levada por esse pequeno momento, fez um pedido, em voz baixa: "Senhor carroceiro, por favor, que todas essas pequenas coisas que aparecem na vida não sejam motivo para uma vida tão triste, prometa que será feliz mesmo com a vida que leva, mesmo que eu não a conheça."

Implorando para que ele desse um pequeno sorriso que fosse, como um sinal de que seu coração havia recebido a mensagem, ele apenas foi embora, deixando-a na amargura, e foi sendo levado em cima da carroça, até que a menininha o perdeu de vista.

A garota já não sentia mais a testa, saiu de perto da janela e voltou para a sua realidade.

Pobre fada que deseja a felicidade alheia. Uma forma, quem sabe, de esquecer suas tristezas e de um dia, seguir seus próprios conselhos silenciosos. Eles ficam janela a dentro e só ela pode ouvir.

by mk.